“Isto é gozar com quem trabalha”, assim se chama o actual magazine de escárnio de Ricardo Araújo Pereira na SIC. Curioso nome que de facto assenta que nem uma luva a um programa de alguém que há largos anos ganha a vida sem nada mais fazer que gozar com quem faz alguma coisa. Não há dúvida que o nome foi bem escolhido.
Ainda assim quero desde já dizer que nada tenho contra a liberdade de opinião. Não tenho mesmo. Se tivesse, também eu não poderia estar a escrever este artigo, como de resto escrevo tantos outros por mês.
Aclaro já isto no segundo parágrafo desta prosa para calar imediatamente os papagaios do costume que gostam muito de falar dos outros, mas que quando se fala neles agitam logo as bandeiras do fascismo, das extremas-direitas e dessas cangalhadas todas que são o seu único e fraco refúgio perante as aldrabices com que eles sim querem assustar a sociedade civil.
Vamos ao nosso caro amigo Ricardo Araújo Pereira.
Lembro-me do aparecimento dos “Gato Fedorento”.
Recordo e acho que nessa altura eram um espetáculo. Tinham imensa graça. E RAP era sem dúvida o elemento chave da comicidade do formato. Quem não se lembra dos directos do “Presidente de Vila Nova da Rabona”, ou dos acompanhamentos eleitorais em que apareciam rúbricas como aquela da folha do Santana Lopes: “O Santana não tá cá…tá tááááá”.
Tinham graça. E criticavam a política, toda por igual, sem olhar a partidos ou caras. AÍ sim era humor verdadeiro. Araújo Pereira tinha graça e exercia-a criticando o que entendia criticar com a natural causticidade que sempre se aplaude num comediante imparcial.
O grande problema é que a dada altura deixou de ser um comediante para passar a ser um palhaço. Sem ofensa à profissão de palhaço e ao próprio.
Aos profissionais da actividade porque muito me divertem com ela. Ao próprio RAP porque se não se inibe de considerar que houve no CHEGA um (termo do seu programa), “Golpe Palhaciano”, certamente não se ofenderá que eu diga agora, que em minha opinião, o palhaço é ele.
Aliás, RAP é o verdadeiro palhaço de serviço do regime. Mas pior, acresce que além de palhaço é hipócrita. Não que o esteja a ofender. É mesmo. Etimologicamente. Senão vejamos:
A definição de hipócrita constante do dicionário é: Pessoa que finge sentir o que não sente; quem demonstra uma opinião que não possui ou dissimula qualidades que não tem; fingido.
Ora Ricardo Araújo Pereira tem nos últimos meses passado a vida, não a brincar com o CHEGA o que seria perfeitamente normal e até desejável, mas a troçar do partido e especialmente de André Ventura.
Agora reparemos:
André Ventura não preenche nenhum dos pressupostos da definição de hipócrita que consta dos dicionários de Língua Oficial Portuguesa.
André Ventura sente o que diz e diz o que sente. Não dissimula qualidades porque essas são manifestamente notórias. Desde logo enquanto maior e melhor tribuno político da actualidade nacional. De fingido nada tem. Sobretudo porque tem a coragem de manter e difundir as suas ideias mesmo quando sente que vão ser mal interpretadas e lhe vão granjear os maiores ataques.
Uma coisa é RAP não gostar de André Ventura. Dele, do que ele diz e do que ele defende para o país. Pode não gostar. O que já não pode é chamar o que chama, dizer o que diz, e não haver espaço para o contraditório.
Vejamos agora no perfil de Araújo Pereira:
1 – Diz-se de esquerda. Parece ser Comunista. Sim Comunista, portanto adepto do comunismo, aquela ideologia que mais seres humanos matou na história da humanidade. Não estou a desculpar os que não sendo comunistas o fizeram, que fique claro. Mas, primeira hipocrisia. RAP tem a chamada memória selectiva.
2 – Araújo Pereira passa a vida a criticar o capitalismo, essa por si considerada “besta negra” da sociedade. Critica o capitalismo, os capitalistas, a banca, os banqueiros, critica tudo.
Mas é de novo curioso, e diria igualmente hipócrita, que o homem que o faz, seja o mesmo homem que alegadamente pelas notícias que saíram na imprensa e pelos próprios recados que deixou a Ricardo Salgado após a queda do BES, seja o mesmo homem que tinha grandes quantias aplicadas em produtos bancários e capitalistas que de certeza visariam maximizar lucros sobre as aplicações realizadas.
E é bom que se note. Não estou a criticar quem fez estas aplicações. Critico que Araújo Pereira seja um esquerdista convicto mas com apetites financeiros de burguês.
3 – Já que falamos em dinheiro, e uma vez mais tendo por base alegadas notícias que se vão multiplicando na imprensa:
“Ó Ricardo, deixe que lhe diga…para comunista, 50 mil euros por mês de ordenado não está nada mau han? Aliiiiiiiiiiiiiiiiiii, a honrar os valores do proletariado e da sociedade sem classes.”
É o chamado comunista que vive que nem um Lorde. (Que na verdade é a grande ambição dos comunas e de todos os esquerdistas, o 25 de Abril que o diga)
4 – Araújo Pereira passa a vida a criticar o sistema. A mesquinhez do sistema. A opacidade do sistema. Os compadrios no sistema. As cunhas no sistema. Os lobby´s no sistema.
Critica e faz muito bem porque tudo isso deve ser criticado. Mas depois de criticar, serve-se hipocritamente das mãos do sistema que tanto critica para manter as suas rubricas televisivas, saltar de canal em canal com uma rapidez no mínimo curiosa, e ter acesso privilegiado aos convidados fofinhos do sistema que lá vão mansos que nem cordeiros, e aos quais também aproveita para lamber as botas.
5 – Por fim, para não me alargar muito mais, quanto a mim a maior hipocrisia de todas.
Aqueles que mais critica são ao mesmo tempo aqueles que não tem coragem de enfrentar cara a cara, olhos nos olhos, e sobretudo de Homem para Homem nos seus programas. Gostava de ver Araújo Pereira atacar o CHEGA e André Ventura pessoalmente como faz à distância. Seria engraçado.
Mas claro que o palhaço hipócrita não o faz. E mais uma vez o palhaço hipócrita é o quê? Hipócrita.
É, porque prante esse desafio vem apregoar aquelas famosas parangonas do “não se dá palco a André Ventura”, “quanto menos se falar do CHEGA melhor”, ou ainda “o CHEGA e o Ventura não fazem cá falta nenhuma”.
Fazem Ricardo.
Fazem falta ao país. Fazem falta aos portugueses de valor e de bem. E por incrível que pareça, fazem igualmente falta, mas mesmo muita falta, sobretudo a todos quantos como o Ricardo, ganham a vida e o dinheiro com que compram o pão para por na mesa de casa e alimentar as suas famílias, da forma que o meu caro amigo faz.
Como? Dizendo mal. De quem? No caso, do Chega e de André Ventura.
Faço-lhe um desafio. Por uma vez. Por uma vez só! Experimente e verá que vale a pena! Seja Homem para enfrentar André Ventura pessoalmente.
Sabe, é que isto de estar com os Marcelos, os Costas, os Franciscos Rodrigues dos Santos, os Jerónimos, as Catarinas Martins, os Andrés Silvas, as Joacines, os Cotrins desta vida, isso é fácil. São os fofinhos e rústicos que lhe garantem palco. Que de alguma forma lhe pagam o palco.
Ventura não está nesse lote. Enfrente-o. Encare-o pessoalmente.
Mostre-nos na sua presença, o palhaço valentaço que é na sua ausência.
Ricardo, um grande abraço pá!!! 😉