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terça-feira, 18 de novembro de 2008

A MISÉRIA DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE


Fiquei muito contente quando, finalmente, consegui ter um médico de família, neste caso uma médica que está no princípio da sua carreira. Mas para receitar medicamentos qualquer um serve.

Já tenho esta médica há mais de 2 anos, salvo erro, e depois de várias consultas de rotina, ao fim de 1 ano queixei-me de dor de ouvidos e perda de audição que já se arrasta há longos anos e solicitei-lhe um "OTORRINO" e, pensava eu que ela me ia dar um p1 para eu depois marcar consulta, como se faz com outros exames nomeadamente ecografias, análises sanguíneas, etc..

Para meu espanto, a médica disse-me que não era assim, por outras palavras: tinha que ir para a " bicha ". Peço desculpa de usar este termo "Bicha" que agora, com o significado que esta palavra tem em brasileiro, as pessoas ficam um bocado embaraçadas. Mas aqui o termo "BICHA" significa " FILA".

Pensava eu que a "bicha" não seria assim muito comprida e talvez dentro de 15 dias teria o famigerado "OTORRINO". Já lá vão 6 meses e continuo à espera que chegue a minha vez. Possivelmente deve ser uma " BICHA " enorme. Pudera, todos os dias descobrimos " Bichas " novas e depois acontece isto: um engarrafamento.

Os funcionários públicos lutaram, e tudo indica que venceram, pelo seu direito a uma assistência médica condigna que sempre tiveram e agora o " Sócrates" os queria pôr ao nível dos privados. Eu dou-lhes razão. Este tipo de assistência médica que o sector privado tem,não interessa nem aos "cães", pelos quais tenho muito respeito e carinho.

Infelizmente o sector privado, que é o sector que sustenta o sector público, praticamente não tem o mínimo dos mínimos de regalias sociais. É carne para canhão. E o mais caricato é que este sector privado vai-se acobardando e não se manifesta nas ruas perante semelhante injustiça.

As corporações nomeadamente a Ordem dos Médicos, Ordem dos Advogados, etc. são autênticas organizações mafiosas que protegem os interesses instalados dos seus membros. São elas que ditam as regras da sua profissão e que venha um governo armado em " chico esperto" mexer-lhes nestes interesses que levam logo para trás.O problema é que os governos e os seus lacaios também fazem parte destas Ordens e portanto fazem questão de não mexer nos seus próprios interesses, pois quando o tacho da governação acabar, têm que regressar à sua profissão. É claro que aqui também há um jogo escuro ou seja: os grandes lobbies são protegidos pelos governos e criam leis para os beneficiar para que, quando saírem do "TACHO" do governo arranjarem outro "TACHO". São "TACHOS" atrás de "TACHOS". E quando chegar a hora da reforma levam três a quatro reformas, todas elas de 5 a 6 mil euros mensais cada uma. 90% do trabalhador português ganha o salário mínimo nacional que é mais ou menos 424,00 euros mensais. Vejam o fosso entre a classe nobre ( cleptomaníaca) e a plebe.

É por estas barbaridades de mordomias do funcionalismo público que o "Défice" virou um cancro no desenvolvimento económico e social deste cantinho à beira-mar plantado. E se o "défice" baixou com o PS, foi apenas porque aumentaram os impostos ao desgraçado do trabalhador que todos os dias tem de apertar o cinto para poder sobreviver. As mordomias dos funcionários públicos nunca foram afectadas para contribuir para a redução do " Défice". É que o "Défice" foi reduzido à custa do aumento dos impostos e não à custa da redução dos gastos astronómicos do estado.

Resumindo e concluindo: o nosso serviço nacional de saúde é para " carne para canhão", neste caso o sector privado, pois para além de longas esperas para ser atendido por um especialista, quando chega a sua vez, esse mesmo especialista não examina o paciente do SNS como examina um paciente particular que paga do bom. Em cinco minutos despacha a "carne para canhão" e sai do consultório ainda mais revoltado do que entrou. E depois queixam-se( médicos,enfermeiros e seus ajudantes)que já foram agredidos por alguns pacientes. Há situações que de facto fazem perder a paciência ao mais pacato paciente...

Queria aqui também falar em estomatologia que, pelos vistos, não faz parte dos cuidados do SNS. Os portugueses, a maioria, quando se riem dá dó ver o estado em que as suas dentaduras se encontram. Pudera...O SNS não dá cobertura a esta parte importante da saúde pública e o desgraçado do cidadão não tem dinheiro para tratar dos dentes porque os dentistas cobram-se bem. Os brasileiros " dentistas" vieram para Portugal e começaram a baixar os preços mas foram logo combatidos pela Ordem dos Médicos porque estavam a estragar o negócio dos seus membros. É por isso que muitos estrangeiros dizem que os "portugueses" cheiram mal, sobretudo quando abrem a boca.Deitam um hálito fedorento que até dá vómitos. Eu defendo sempre a minha nacionalidade argumentando que, infelizmente, o nosso SNS não dá cobertura a esta parte do corpo e os portugueses não ganham o suficiente para tratarem das suas bocas.

Vou terminar para não aborrecer os meus eventuais leitores. Creio ter passado a mensagem. Mas também não é novidade nenhuma para ninguém, aquilo que aqui escrevo.

Gringo-Ex-combatente do Ultramar

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